No Dia Mundial do Meio Ambiente trouxemos dicas para sermos viajantes conscientes e fazer do nosso mundo, um mundo melhor, preservado e vivo.
Em um mundo pré-pandêmico, o Turismo crescia e ocupava vários lugares do globo e era responsável por 10% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. O chamado turismo de massa, que nasceu há 50 anos, carregou levas e levas de turistas dispostos a ter a sua melhor experiência de viagem, que por meio dos avanços tecnológicos, puderam viajar com mais facilidade e acessibilidade. De um lado, essa democratização do Turismo, pela qual muitas pessoas puderam viajar; do outro, os impactos negativos e preocupações pelos efeitos adversos dessa atividade para as comunidades locais e para o meio ambiente. Como uma moeda, temos esses dois lados que podem sim dar as mãos, encontrar um equilíbrio e ser mais sustentável.
E essa realidade já dá as caras. Em pesquisas realizadas em 2020, foram sondados viajantes e suas preferências para viagens pós-pandemia. A resposta foi unanime, ambientes abertos para a realização de atividades ao ar livre, em que possam respirar ar puro depois de passar tempos dentro de casa e ter contato com a natureza são desejos de muitos dos entrevistados. Outro comportamento observado nessa pesquisa foi a escolha por destinos fora dessa rota de turismo de massa, com mais uma cara simples e intimistas, como comunidades locais ou destinos rurais. Uma grande parcela se manifestou pela preferência a opções de destinos mais sustentáveis, que fujam da Alta Temporada e dos lugares superlotados. Uma mudança interessante que reflete o processo de conscientização que o próprio viajante vem passando ao longo dos últimos anos.
Viva a natureza: ar puro, muito verde e conforto
Já é sabido a necessidade de mudarmos nossos paradigmas e ações para a preservação do meio ambiente. Essa alteração de rota é urgente. Consumimos os recursos naturais sem dar tempo para a recuperação do planeta, destruímos ecossistemas inteiros, a sua biodiversidade e por tabela, a nós mesmos. As mudanças climáticas, que antes eram só um mau presságio, hoje é o presente. Contudo, há uma boa notícia, podemos reverter esse cenário com ações em nosso dia a dia, a partir da reflexão e senso crítico, que se estenderão as ações concretas para resultados certeiros. Assim, diminuiremos nosso consumo, pois, pensaremos antes de comprar se é necessário ter tal coisa. Reduziremos a nossa produção de lixo, porque iremos reciclar uma parte dele e evitaremos o desperdício de alimentos. Consequentemente, escolheremos por destinar nosso consumo a empresas que tenham uma postura frente ao desmatamento. Ações assim, que juntamente à justiça social e à erradicação da fome e da pobreza, atrelado à educação e ao respeito à diversidade, farão a diferença para preservação do meio ambiente e das comunidades. Dessa forma, o ato de refletirmos é só o começo, e pode sim, ser a nossa premissa como viajantes conscientes. Pois, tudo começa por nós, nossa mudança de postura.
O lado bom trazido pelo turismo consciente
Apesar dos impactos negativos causados pelo Turismo, há também um lado bem bacana que promove o desenvolvimento, e é nesse que devemos focar. A discussão está em como associar a prática da inclusão social e a conservação do meio ambiente. A resposta desse debate é que essas duas coisas são compatíveis e andam lado a lado.
Um exemplo bem interessante é sobre Belize, esse pequeno país na América Central que, apesar da pandemia, tem tido sucesso no Turismo. O país é totalmente dependente desse tipo de atividade para sua subsistência, contudo, com o fechamento das fronteiras como barreira sanitária para deter a COVID-19, houve uma queda brusca de renda no país, e isso acarretou na alta do desemprego e da pobreza. Aliás, um país que já enfrentava tempestades e furacões causados com mais intensidade devido às mudanças climáticas, estava enfrentando outro tipo de tempestade. A resposta para tudo isso foi a resiliência já característica desse povo e a preservação do meio ambiente.
O seu atrativo são os seus recursos naturais. O seu território possui cerca de 80% de floresta tropical bem preservada, com rede de cavernas e grutas subterrâneas – um verdadeiro oásis. Para a sua reabertura, foi reformulado seu programa de turismo sustentável para ajudar no combate ao vírus. Deu certo! A tendência é evoluir no quesito preservação e alçar voos mais altos, porque é possível.
O Turismo deve ter o seu desenvolvimento voltado para as necessidades e potencialidades genuínas por meio de estratégias que incluam em seu plano o olhar para o patrimônio natural, histórico e cultural em um circuito econômico. Tudo isso, com essa conduta consciente. Tal como a natureza, tudo está interligado.
Como ser um viajante consciente e fazer a sua parte no mundo?
Em primeiro lugar, ser um viajante consciente é ser um turista que entenda como você impacta a comunidade e o meio ambiente local. Ter esse pensamento crítico, sobre como essa indústria é responsável por 8% da emissão de gases de efeito estufa no mundo, pela degradação de inúmeros ecossistemas e no uso de animais em atrações turísticas é importante. Outro ponto é identificar a mercantilização de manifestações culturais, a qual transforma em espetáculo a expressão popular, acarretando na padronização de destinos, que acabam perdendo as suas características originais. O Turismo tem o poder de promover desenvolvimento, e nós, como viajantes conscientes, iremos optar por esse lado.
Agora, algumas dicas que vão ajudá-lo a ser um viajante consciente.
Escolher destinos menos massificados
Quando falamos de destinos desejos, vem à mente aqueles lugares bem conhecidos. Da Tailândia às praias do Brasil, Barcelona, Veneza são ambientes que costumam ficar saturados, ou também se transformam em uma espécie de parques de diversões para os turistas, deixando de lado os próprios moradores, que sofrem por não possuírem espaço e serem impactados pelos preços exorbitantes. Lugares históricos, por sua vez, têm seu patrimônio deteriorados, com ocorre em Machu Picchu, por exemplo.
Escolher destinos menos conhecidos é uma ótima saída. Aliás, destinos sensacionais é o que não faltam, ainda mais aqui no Brasil. Locais menos explorados são menos modificados e garantem uma experiência de viagem genuína, sem tanta intervenção.
Viajar na Baixa Temporada
Há temporadas que determinam o Turismo em alguns lugares. E isso proporciona uma hiper lotação desses destinos, exploração dos recursos locais, como os ambientais e culturais. Se você puder viajar em Baixa Temporada muitas pessoas sairão ganhando. Além de curtir com mais economia a sua viagem, você estará ajudando a comunidade local com geração de renda.
Uma boa opção é aproveitar outras temporadas no local e descobrir que ele pode ser incrível de outra maneira. Ser um turista consciente é também se permitir em explorar novas possibilidades.
Conheça sobre a política, cultura e história do local
Vai viajar? Informa-se sobre ele. Ter uma mínima noção sobre a realidade local vai ajudá-lo a praticar um turismo consciente. Procure informações atualizadas, leia notícias, assista a filmes ou documentários, principalmente produzidos por autores locais.
Desta forma, você estará mais inteirado sobre o destino e enxergará com outros olhos o seu redor. A experiência em conhecer grandes monumentos e manifestações culturais é totalmente diferente quando você entende o contexto. Aliás, a sua interação com a população local será totalmente diferente e mais significativa.
Respeitar as tradições locais e a cultura
O respeito deve ser levado em qualquer lugar que você vá visitar. Contudo, é importante estar atento a questões culturais, como vestimentas, gestos e outras coisas. Lembre-se, você está na casa de outra pessoa.
Prefira consumir produtos e serviços locais
Na hora de escolher um restaurante, por exemplo, opte por um estabelecimento pequeno conduzidos por moradores da região. Outra atitude é certificar-se sobre a origem dos alimentos e se eles seguem as recomendações de sustentabilidade, principalmente dos alimentos nativos.
Repense seu lixo
Evitar deixar a sua pegada é essencial para a preservação do meio ambiente. Carregue sempre com você uma sacolinha para depositar seu lixinho e guardá-lo até voltar para o hotel, por exemplo. Não poluir, deixar seu resíduo e atentar-se em não retirar conchas, flores e plantas do seu habitat são premissas básicas que devem ser levadas para sua vida. Diminuição da sua pegada para preservação do meio ambiente.
Evite atrações turísticas que exploram animais
Tirar foto com elefantes, golfinhos ou botos, tigres e afins são ótimas para o engajamento nas rede sociais, mas são experiências péssimas para os animais. Os lugares que oferecem esses serviços, pouco provável, consigam garantir o bem-estar dos animais.
Sempre que possível escolha instituições que contribuem com atividades de conservação, educação ambiental e pesquisa. Diga não as lembrancinhas feitas com produtos de origem animal, como coral, marfim, osso e conchas, por exemplo, que contribuem para destruição do ecossistema e para a extinção de espécies.
Leia mais sobre como atividades turísticas que exploram animais impactam no meio ambiente aqui.
Ser um viajante consciente vai mudar a forma como viaja e também o mundo a sua volta.
Bom Planejamento!